A crise de 29 e Revolução de 30
Euforia econômica: Durante a Primeira Guerra Mundial, a economia norte americana cresceu de forma impressionante. De maior devedor do planeta, antes da guerra, os Estados Unidos tornaram-se a maior potência do mundo. A forte entrada de capitais, via exortações ou pagamento de empréstimos contraídos por nações europeías, aumentou assustadoramente o consumo interno do país.
Bolsa de Valores: Entusiasmados com o crescimento de sua economia, e com a promessa de dias ainda melhores, os americanos aplicavam boa parte de seus capitais na Bolsa de Valores, acreditando no crescimento de suas empresas. A maciça entrada de capitais na bolsa fez as ações das empresas norte-americanas aumentarem em ritmo alucinante, esse lucro, aparentemente fácil, atraía capitais de outras partes do mundo, o que valorizava ainda mais as ações.
A superprodução : Ao longo dos anos 1920, a economia européia aos poucos recuperou sua capacidade produtiva, o que permitiu aos países do continente importar cada vez menos dos EUA e competir com os produtos norte-americanos no mercado internacional.
Com a queda das exportações para a Europa e outras regiões do mundo, os EUA, deveriam ter desacelerado o ritmo de expansão. Mas, ao contrário, os empresários insistiram em investir no aumento da produção. As indústrias, saturadas de produtos, não tinham como dar vazão a eles. Nesse momento, a economia do país entrou numa crise de superprodução. Os agricultores, para armazenar os cereais, pegavam empréstimos, e logo após, perdiam suas terras. As indústrias foram forçadas a diminuir a sua produção e demitir funcionários, agravando mais ainda a crise.
O “Crash” ou "Crack" da Bolsa de Valores de Nova York: Queda vertiginosa no valor das ações na Bolsa, como consequência do crescimento artificial ao longo da década de 1920,do declínio das exportações, da diminuição de compra de ações e do colapso da bolsa, em outubro de 1929, devido à enorme quantidade de ordens de venda de ações.
Consequências da quebra da bolsa: A quebra da mais importante bolsa de valores do mundo, levou milhares de empresas à falência, a quebra de milhares de bancos e vários fazendeiros perderem suas propriedades, por que muitas estavam hipotecadas aos bancos, milhões de trabalhadores ficaram desempregados, fortunas foram perdidas da noite para o dia. A crise iniciada com a quebra da bolsa, não ficou restrita apenas aos EUA, ela espalhou-se por quase todo o mundo, tendo proporções catastróficas.
O New Deal e o liberalismo clássico: O liberalismo clássico defende a mínima intervenção do Estado na economia. O New Deal, ao contrário, procurou empenhar o Estado no reerguimento da economia. Para resolver o problema de desemprego nos Estados Unidos, e reaquecer a economia, o presidente Roosevelt, baseado nas ideias do economista inglês John Maynard Keynes, deu início a um enorme programa de obras públicas, criando cerca de 8 milhões de empregos e assim gerando a demanda de serviços e produtos de empresas privadas. Como uma das primeiras medidas para atingir esse objetivo, o governo emitiu bilhões de dólares de papel-moeda. Naquele momento, o modelo defendido por Adam Smith, das virtudes da livre iniciativa, era profundamente abalado.
Medidas do New Deal:
O Estado assume a responsabilidade de salvar a Nação, regulamentando a sua economia, o New Deal propõe, portanto, o intervencionismo, uma vez que a super produção originária da crise também se deveu ao liberalismo excessivo do governo norte americano em sua economia;
Concessão, por parte do Estado, de empréstimos aos falidos, mediante emissões controladas;
Redução da jornada de trabalho para dar oportunidade a mais pessoas de trabalharem, reduzindo o desemprego;
Ampliação do salário do operariado para ampliar o mercado consumidor interno;
Aumento dos benefícios da Previdência Social, como a criação do seguro-desemprego;
O Estado promove a geração de empregos públicos nos setores urbanos não produtivos (arborização das cidades, coleta de lixo, restauração de prédios e ruas, etc), uma vez que atividades como a industrial ou agrícola não devem absorver mão-de-obra em razão da superprodução. Estimula-se, assim, o consumo, em aumentar a produção;
Ampliação da autonomia sindical e de sua capacidade de negociação;
O Estado incrementa o setor bélico e amplia os quadros de serviço militar, numa clara preparação com vistas à 2° Grande Guerra Mundial. O militarismo utilizado para gerar empregos é simultaneamente um atenuante dos efeitos da crise e um resguardo diante do crescimento das forças militares Nazi-Fascistas.
Se no fim dos anos 30 percebe-se o sucesso das medidas do New Deal, constata-se, por outro lado, a rudeza da crise de 29; o protecionismo e o militarismo decorrentes da mesma, estão entre as principais causas da 2° Grande Guerra Mundial.
Brasil:
Consequências da Crise de 29 para economia brasileira: A quebra da Bolsa de Nova York provocou o fim da entrada de capitais estrangeiros no Brasil e, principalmente, a queda drástica do volume de suas exportações, atingindo em cheio o setor cafeeiro, que acumulava supersafras ao final da década de 1920, numa conjuntura de queda do preço do café no mercado mundial e esgotamento da política de valorização promovida pelo governo.
Consequências da Crise de 29 para política brasileira: Além da contestação cultural pelos modernistas, dos enfrentamentos militares pelos tenentes e da contestação social pelo movimento operário, ampliou-se a insatisfação com a política de valorização do café entre os demais setores oligárquicos. O enfraquecimento das oligarquias cafeeiras e a crise econômica geral provocada pela quebra da Bolsa de Nova York tornaram insustentável a manutenção do arranjo político do regime oligárquico. As velhas rivalidades, amortecidas e contidas pela Política dos Governadores, reacenderam-se ao longo da década de 1920, tornando urgente uma nova forma de composição político-institucional, que contemplasse os outros grupos sociais e outros setores oliárquicos. As oligarquias cafeeiras não detinham mais a hegemonia no país. O regime havia se esgotado.
A estrutura de poder que sustentava a República Velha, baseada na oligarquia cafeeira, começou a ser desmontada. Surge desacordo político entre Minas Gerais e São Paulo. Washington Luiz quebra a velha “política do café com leite” e não apoia um candidato mineiro para a presidência da república, ao contrário, indica Júlio Prestes, um paulista, MG, RS, PB e o Partido Democrático (Paulistas adversários do PRP) criam a Aliança Liberal, e lançam Getúlio Vargas como candidato da oposição, com propostas que atraiam especialmente as classes médias urbanas, como: instituição do voto secreto, criação de leis trabalhistas e incentivo à produção industrial.
A Revolução de 1930: O candidato da Aliança Liberal foi derrotado, mas os líderes gaúchos, mineiros e paraibanos não aceitaram o resultado, alegando fraude. Como o clima de revolta aumentava em todo o país, as elites progressistas começaram a agir para tomar conta da situação. Tomando como pretexto o assassinato de João Pessoa, candidato a vice presidente pela Aliança Liberal, em 3 de outubro de 1930 estourou a luta armada no RS, espalhando-se por MG, PB e PE. Os militares do Rio de Janeiro reconheceram a revolta e depuseram o presidente Washington Luiz. Assumiu o poder Getúlio Vargas, chefe político da Revolução de 1930, Terminava a República Velha.
Professor: Pedro Paulo Dias - História - www.eeals.blogspot.com